Bandeiras bahamenses na rua principal, Shirley Street, que liga o Este a Oeste de Nassau |
Após 325 anos de regras britânicas, em 10 de Julho de 1973 finalmente as ilhas Bahamas passaram a ser uma nação soberana, com total independência. Hoje, quase 40 anos depois da conquista, entre tantos aspectos precários no país, os mais urgentes são segurança, educação e administração. A falta de regras nas ilhas - principalmente na turística capital Nassau - é o que mais afasta os habitantes de desenvolvimento. O retrocesso de ar colonial no país já é notório pra quem chega no centro da cidade e flagra, além dos buracos nas ruas, carroças intensificando o trânsito; já pra quem entra um pouco mais na ilha, a falta de iluminação, policiamento e sinais de trânsito só ratificam a sensação da grande bagunça de estar num paraíso abandonado.
Apesar da cadente taxa de natalidade, há muitas crianças na ilha |
Por falar em consumo, Nassau está bem perto de ser uma província, onde parece abrir um restaurante e fechar uns três por ano. A falta de opção na cidade é tão incrível que ela parece estar localizada numa era remota. Não se acham copos, nem talheres, nem móveis, nada, ao não ser que se pague quatro vezes mais (quando se encontra). Além disso, mesmo estando ao lado dos EUA o residente daqui só tem direito à isenção do imposto de compras no valor de US$ 300,00, duas vezes ao ano. Ou seja, caso o bahamense (cujo salário em uma loja comercial por exemplo varia em torno de US$700,00) tenha dinheiro para viajar, o mesmo deve economizar para duas viagens caso queira usar toda a isenção. No aeroporto, de forma primitiva, a imigração realiza o processo de "vasculhamento" (não há outras palavras para o que eles fazem com as malas), exigindo a entrega de todos recibos, que eventualmente poderiam ser necessários pra outro fim. Não tem sentido.
Shoppings são em geral vazios e desertos, muitas lojas fechadas |
A falta de regras é o pior no arquipélago. Muitos bahamenses até falam que nem sempre se pode contar com a polícia e que os números de emergência funcionam esporadicamente. A Polícia é negligente e só aparece onde tem turista. No "paraíso esquecido", o serviço mais eficiente e rápido é o reboque de carro; basta deixar alguns minutos o automóvel no centro ou em lugar proibido para ter que pagar um multa de US$80,00 e passar o dia correndo atrás de resgatá-lo. Principalmente em cidades turísticas, pegar um taxi é algo comum, mas no caso das Bahamas, se for após as 22h já fica quase impossível. Também não existe "disque-Taxi". Incêndio é que faz parte da rotina; sempre se vê num canto da ilha uma fumaça que permanece o dia todo no céu, indicando que algum estabelecimento ou casa pegou fogo. Dizem que na maioria das vezes é proposital. Quem vai saber?
No meio da ilha as ruas são terríveis. À noite há postes que, é claro, não funcionam ou são desligados aos domingos e feriados; é um "salve-se quem puder" danado. Com um precário transporte público, regras no trânsito não existem, possibilidade de ir andando, muito menos. Durante o dia, longe dos pontos turísticos, é bem nítida a desordem: lixo pra todo lado, bêbados andando, jovens desocupados vivendo num desleixo sem limites, cujo resultado mais óbvio é a droga e a criminalidade. Nas Bahamas não se recicla lixo nem latas nem vidros, não há preferência para idosos ou gestantes. Feiras de frutas, ninguém sabe o que é. Água de coco, suco de frutas frescas, nem adianta pedir em restaurante. Provavelmente isso dá muito trabalho. Aqui se plantando, talvez tudo desse. Mas infelizmente o paraíso "independente" está, assim como suas águas, muito parado.
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