sábado, 25 de agosto de 2012

MIXREGISTRO Linguiça, pão e circo nas Bahamas

Parquinho do Botanical Gardens, antes de chegar a meninada

Adolescentes curtindo a tarde de reencontro com colegas

    Quem pensa que o "pão e circo" da política antiga de Roma não existe mais, está enganado. Como muitos países onde o governo é corrupto e não cumpre suas funções, as Bahamas tem um sistema de poder um tanto confuso, onde cada vez que se alterna o comando, imediatamente todos os times são reformulados. Num evento público de volta às aulas, liderado por ONGs e instituições voluntárias na semana passada, quem participou "doando seu apoio" foram os Ministérios do Trabalho e da Defesa. Não seria um papel dos Ministérios da Educação ou Social? Será que os mesmos estão em reforma? Realizado no Jardim Botânico, em Nassau, a festinha contou com banda, música, dança, jogos, políticos sorridentes, kits de material escolar e um almoço para mais de 700 crianças, bem servido de hamburgueres e hot dogs, comida trivial dos pequenos menos favorecidos do país. Bem que poderiam ter economizado menos e escolhido um cardápio mais natural, saudável ou diferente, não?! Afinal de contas, para aquelas crianças foi um dia especial.

Cabelo sempre arrumado: elas não são lindas?

E essa, muito fofa não?!

     Diferentemente de Roma a.C., a política panem et circenses caribenha não custa muito para o país nem resulta em 175 dias de feriado por ano ou elevação de impostos, apenas o intuito de entretenimento e distribuição de alimentos para despistar insatisfação popular é o mesmo. Vale ressaltar que nem sempre tal política é sustentada pelas autoridades. Bom exemplo disso são as escolas públicas, onde no dia-a-dia não há merenda escolar e cada estudante deve levar seu próprio lanche ou um dólar para comer no almoço um hot dog "no palito" ou tomar um sorvete. Infelizmente muitos deles não levam nada, nem dinheiro nem lancheira, uma vez que são crianças pobres, na maioria das vezes com origem em famílias desempregadas ou socialmente desestruturadas. Nesse caso, nem pão nem linguiça, nem diversão.
      
Fila para o cachorro-quente

Turma de meninos aguardando o show
Pessoal da ONG ajudando a empacotar o lanche...haja linguiça!  

Meninas bahamenses: expectativa para saber qual era o cardápio 


Para completar o evento, eles também compareceram...  

A fila foi grande: cerca de 700 estudantes para receber lanche

PS. Só para esclarecer, as comidas de Fast Food nas Bahamas são muito baratas; no mercado, enlatados e salsichas são os mais acessíveis enquanto em parques, escolas ou meios de transporte (como ferry boat  por exemplo) um hot dog geralmente não passa de um dólar.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

MIXTRIP Hope Town: a "must see" in The Bahamas

Tiny and clean street: everything looks miniature

     
     Can you imagine a beautiful village, where everything looks miniature, with colorful cottages distributed in a ecological harmony of wonderful flowers, animals and waters? This paradise exists and is called Hope Town. The small island is situated on Elbow Cay, in Abaco, in the Northern Bahamas and is just less than six miles long. On its few streets, cars are not allowed in some areas, while bikes and golf carts are the primary means of transport. Hope Town is such a cute place. Even its lighthouse looks like a candy: the red and white striped Elbow Cay Lighthouse is famous as it is the last in the world to use kerosene as fuel and one of three left operating manually. The rest of the island is not so famous, that’s why it is simply indescribable.

Lighthouse Elbow Cay: candy form, kerosene as fuel 

     In the outskirts of Hope Town, the harmony is everywhere. Very lovely and kind people just complete the welcome feeling of those visiting the place. With options of cottages and houses to be rented – and a few hotels – only one night in the village is enough to feel like a long vacation and for one to wish to come back as soon as possible. The bike ride on the island is a must: besides entertainment, this mean of transport offers gorgeous views from any part of Hope Town. The daily rental of two bicycles costs only US$25, and the golf cart rental, US$50 (which is also a good choice for those who don’t want to exercise on vacation).

Hope Town Harbour Lodge view: required for weddings

     Between the Atlantic Ocean and the Abaco Sea, Hope Town is lined with pristine, sandy beaches complimented by an extensive array of live reefs just off shore. In its Historic Center, the Wyannie Malone Historic Museum and the rejuvenated Memorial Garden are nice attractions for the tourists, who are also pleased with the Caribbean colonial style architecture of colorful houses, a police station, clinic and church – everything very small - located right on the harbour’s entrance. By the way whoever wants to visit Hope Town should travel by plane to Marsh Harbour (about 25 min.) and from there, take a boat (less than 15 min.) to the fantastic settlement.

 Memorial Garden: one of the attractions in the settlement 
     For those who love gastronomy, Hope Town has a very popular and open restaurant with an amazing view, as you approach the island. Harbour’s Edge offers delicious fish fingers and most of the entrees are served with a complimentary salad. Drinks such as the Bahama Mama and Daikiris are very tasty and prepared with Bahamian caprice. Are you excited to visit “Hope” Town? Don’t wait too long. And don’t forget to take your sunblock either; Abaco’s sun seems to be the strongest in The Bahamas. By the way, what is not strong in this place? J




Bikes can be rented and offer amazing rides
Skate roller: one more mean of transport allowed in Hope Town ;)


Father and daughter: just happy after the Church

Beautiful cottages and beaches are everywhere on the island
PS: Trip tips:             http://www.skybahamas.net/
                                  http://www.hopetownlodge.com/


Even the Clinic is small; empty too, everyone feels good there
The Caribbean Landscape makes the colors even more beautiful

terça-feira, 14 de agosto de 2012

MIXVIAGEM Hope Town: parada obrigatória nas Bahamas

Rua estreita e limpa: a vila parece casinha de boneca

    Dá para imaginar um vilarejo lindo, onde tudo parece miniatura, com casas coloridas distribuídas em uma harmonia ecológica de flores, animais e águas deslumbrantes? Esse paraíso existe e se chama Hope Town. Batizada de cidade da Esperança, a ilhota fica situada em Elbow Cay, em Abaco, norte das Bahamas e tem menos de seis milhas de comprimento. Em suas poucas ruas, carros são em parte proibidos, enquanto bicicletas e carrinhos de golfe constituem os principais transportes terrestres. Hope Town é um lugar tão fofo que até o farol parece um doce: o vermelho e branco listrado Farol de Elbow Cay é famoso por ser o último no mundo a usar o querosene como combustível e um dos três que funcionam manualmente. O resto ali não e tão famoso, por isso simplesmente indescritível. 

Lighthouse Elbow Cay: formato de doce, querosene como combustível 
     Nos arredores de Hope Town, a harmonia está em tudo. Pessoas muito amáveis e gentis completam o sentimento de bem estar de quem está visitando o lugar. Com opções de vilages e casas para alugar e poucos hotéis, uma única noite no vilarejo já é suficiente para se sentir de férias prolongadas e querer voltar o mais rápido possível. O passeio de bicicleta na ilha é obrigatório: além de entretenimento, o meio de transporte proporciona vistas belíssimas de toda a parte de Hope Town. A diária de duas bicicletas custa apenas US$25, e o aluguel de um carrinho de golfe, US$50 (o que também é legal, para quem nao quer praticar esporte nas férias).

Vista da pousada Hope Town Harbour Lodge: requisitada para casamentos
     Banhada pelo oceano Atlântico e pelo Mar de Abaco, Hope Town tem um litoral repleto de corais vivos, onde esportes como Surfe, Mergulho, Pesca e Snorkeling são explorados. No pequeno centro, o Museu Histórico Wyannie Malone e o Jardim Memorial são programas bem agradáveis aos turistas, que se encantam também com a arquitetura estilo colonial caribenha de casinhas coloridas, delegacia de polícia, clínica e igrejinha – tudo pequenininho – que estão logo na chegada da cidade. Por sinal, quem deseja chegar a Hope Town de Nassau, pode ir de avião até Marsh Harbour (aprox.25 min) e de lá, ir de ferry boat (uns 15 minutos apenas) até a fantástica cidade.

Jardim Memorial: uma das atracões da vila 
  Para quem gosta de comer bem, Hope Town tem um restaurante bem familiar, aberto e com uma vista fenomenal, logo na chegada. O Harbour’s Edge tem fish fingers deliciosos e a maioria dos pratos principais acompanham salada; muito bem servido. Os drinks como Bahamamama e Daikiri são muito saborosos e preparados no capricho bahamenho. Ficou curioso para conhecer a cidade da Esperança? Não espere tanto. Nem esqueça de levar seu bloqueador solar, o sol de Abaco é um dos mais brutais das Bahamas, é muito forte; aliás, o que não é forte nesse lugar? ;) 




As bicicletas podem ser alugadas e proporcionam passeios incríveis 

Patins: mais um meio de transporte permitido na ilha ;)


Pai e filha de Hope Town: voltando da igreja no domingo, em harmonia

Praias e casas lindas em todo canto na pequena ilha

PS: Dicas de viagem: http://www.skybahamas.net/
                                  http://www.hopetownlodge.com/


Clínica pequena e vazia: moradores parecem se sentir bem na vila
A paisagem caribenha deixa o colorido das casas ainda mais bonito

terça-feira, 7 de agosto de 2012

MIXCURIOSIDADE: Piratas de verdade, só no Caribe


     Nas Bahamas faz total sentido que os piratas do Caribe sejam tão famosos. Enquanto no Brasil os vendedores de DVDs e CDs piratas andam olhando para os lados, com medo de chegar a Polícia e tomar toda a sua fonte de renda, aqui em Nassau as tais mídias piratas são encontradas à venda nas locadoras.  Com a maior naturalidade e direito a recibo e tudo. Logo ao lado dos Estados Unidos – principais autores das produções a que estamos acostumados a “consumir” e, por isso, grandes interessados no alerta e combate ao crime da pirataria – a maior locadora de Nassau faz muita grana com o negócio, e não perde tempo com as atualidades do cinema. Logo que um filme é lancado, o “bootleg” – “perna de bota”, como é chamado em inglês – já é capaz de ser encontrado nas prateleiras por US$6. Eu, como muitos outros brasileiros residentes da ilha, fiz papel de boba da corte quando na primeira vez ao buscar entretenimento na loja, fiz várias perguntas idiotas como “quando entregar”, “se pegar três, leva um de graça” ou ter insistido em fornecer meus dados pessoais ou endereço quando o funcionário não parecia estar nem um pouco interessado. Um deles até chegou a me responder, em sua calma usual, que eu podia ficar com o filme o tempo que eu quisesse. Achei estranho, daí o mesmo completou “se quiser devolver, pode, mas não precisa”. Depois que “comprei” o filme que jurei estar alugando, saquei o lance do bootleg. Engraçado, não?! Pirata descolado assim, só no Caribe mesmo! :)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MIXOPINIÃO

Dia nacional, festa suíça, o resto multicultural

 

    Um dos poucos e apreciados feriados do calendário suíço, o primeiro de Agosto é um dia de festa que exala patriotismo no país. Geralmente comemorado em clima de verão, o dia nacional da Suíça é privilegiado com as bandeirinhas vermelhas e brancas que saem dos armários para tomar lugar pelas ruas graças à “coragem” do povo de expressar o amor pela sua terra. A oportunidade transforma a timidez do suíço, que não sabe cantar seu hino mas sai do stress do dia-a-dia e se alegra em celebrar não só seus chocolates, relógios e queijos, mas também sua valiosa qualidade de vida, invejável estabilidade e sistema de regras que deixa o país tão próximo à perfeição. Em meio ao multicultural e à neutralidade imperfeita, o país dos Alpes tenta preservar suas virtudes e se encontrar dentro de sua vasta imigração.

     Muita gente diz que o suíço é um povo chato, conservador, exigente, mas quem já viveu no país da famosa Heidi sabe que isso é uma meia verdade. Sim, eles são tradicionais, formais e seguem incrivelmente as regras à risca. Por outro lado, estão acostumados a viver num país onde há diferentes culturas, por isso sabem ou tem aprendido muito bem a compartilhar suas conquistas com os estrangeiros. Uma das principais características do original suíço, a modéstia é justamente o que lhe atribui simplicidade e o afasta de vaidade e orgulho, comuns a países patriotas. O helvético geralmente é uma pessoa neutra, que fala baixinho e tem vergonha de ser inconveniente, de incomodar. A um povo assim, pode-se simular um encontro cultural de refugiados de Guerra, cidadãos que buscam asilo e outros sem educação (ou mesmo diplomas) - entre muitos outros - que lá encontram qualidade de vida e ficam, embora reclamem de tempo ruim, racismo ou exclusão no país.


      Na nação que sedia organizações internacionais como a Cruz Vermelha e Organização Mundial do Comércio (OMS), um em cada cinco habitantes não tem nacionalidade suíça enquanto 50% dos casamentos ocorrem entre suíços e estrangeiros; de toda a população os estrangeiros representam 23%, uma taxa alta. Com o crescimento demográfico de 7,2 para oito milhões de habitantes na última década, o país dos Alpes vem lutando com questões de imigração, recebendo novos habitantes de todo o mundo. A gradual demanda do mercado de trabalho por mão de obra especializada e os acordos bilaterais que a Suíça assinou com a União Europeia em 2002 tem pressionado sobretudo o transporte público, o tráfico rodoviário, o sistema imobiliário com seus preços exorbitantes e a segurança nacional. Trens superlotados (principalmente na ótica do suíço, bem "mal acostumado" com conforto), passageiros viajando em pé e a necessidade de segurança no turno da noite são sinais visíveis de que o suíço pode estar começando, sim, a pensar em “marcar” o seu lugar.

     A crise do sistema financeiro na Suíça, que acompanha os turbilhões da Europa, parece ter um duplo sentido ali. A vulnerabilidade dos bancos, desempregos e polêmicas em relação à sua política financeira revela paradoxalmente a força e a neutralidade helvética. Comparada a outras economias, sua estabilidade bem preservada pode ser “sentida” na inexistência de sinais de inflação: ou seja, o que custava cinco francos continua hoje sendo o mesmo preço. A caça aos paraísos fiscais – uma campanha atual de muito paises mergulhados em crise como os EUA por exemplo – pode ter o intuito de acabar com os “segredos” da comunidade de sete ministros.  Mas talvez a tarefa não seja tão fácil, assim como na Segunda Guerra, onde o país montanhoso foi o único a nao ser dominado pelo ditador da Alemanha. Tamanho realmente não é documento: a área do pequeno país ultrapassa pouco mais de 41 mil quilômetros quadrados. 

   Curioso é que o dia nacional da Suíça é diferente de muitos outros atribuídos a revoltas, independência e união, que determinam as datas importantes de um país. Neutralidade comprovada, não houve na ocasião marcas de sangue nem mesmo discussão. Em 1 de Agosto de 1291, apenas iniciou-se a Confederação Helvética (nome em latim) a partir de um documento encontrado que unia o país em três vales no centro do território – Waldstätte – esquecidos por duques e reis. Há ainda a lenda nacional que indica o herói Guilherme Tell (encontrado nas moedas de cinco francos) como fundador do país. Passados séculos e décadas, hoje são vários povos que formam o país conhecido pela perfeição dos canivetes. O nativo, por sua vez, talvez continue modesto, sem se importar com hino nacional e outros signos patriotas, mas certamente em meio a tantas línguas ouvidas tenha chegado a hora de “vestir a camisa” vermelha e branca. Aceitar o que vem de fora, sem esquecer de enaltecer sua cultura, próprios valores e tradição: o desafio suíço também é multicultural.