sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MIXNOTÍCIA: Os rastros do furacão Irene nas Bahamas


    Com uma força imbatível de arrancar árvores e tetos, o poder de impacto do furacão Irene teve seu ápice no arquipélago das Bahamas na madrugada de quinta-feira, 25 de agosto. Com ventos a 185 kph, deixou rastros de destruição principalmente nas pequenas ilhas ao redor da capital como Eleuthera, Cat Islands, Acklins e Crooked Islands. Na ilha de Mayaguana foram destruídas pelo menos 40 casas no povoado conhecido como Lovely Bay. Já a capital Nassau foi menos prejudicada já que recebeu ventos devastadores porém relativamente amenizados pelas menores ilhas. O Mar do Caribe - famoso pelas suas águas paradas - passou dois dias de muita agitação, registrando fortes ondas. Temido por chegar às ilhas com categoria 4, o primeiro furacão da temporada foi marcado por muita chuva, barulho e um poder alucinante.
Em Nassau muitas árvores não resistiram


Em Paradise Island até o semáforo saiu do lugar


      "Just pray man!". Assim o síndico do meu condomínio resumiu a expectativa de receber em nossas casas a passagem do furacão, que ameaçava intensificar-se para categoria quatro (ventos acima de 210 kph) e consequentemente poderia destruir de forma contundente o país. Graças a janelas à prova de furacões, minha casa ficou no lugar, perdendo só algumas partes do teto do lado de fora. A noite foi longa, sobretudo pelos ruídos que atrapalharam o sono e intensificaram o medo de esperar tudo passar. Os estrondos da força da natureza foram tão impressionantes que às 6h da manhã  - quando parecia estar tudo muito pior - não consegui olhar para janela. O jeito foi só rezar mesmo...e finalmente acordar com a notícia de que o olho do Irene já estava longe. Do meu condomínio deu para ver praticamente todos os momentos. No fim até conseguiu-se entender a logística do furacão, quando o mesmo já tinha "dado a volta" e seus ventos começaram a mudar de direção.

 

 
Manhã de 25.08: quando o Irene já estava mais calmo


 
A parada Cabagge Beach ficou agitada com o Irene



Depois da tempestade, a calmaria do pôr-do-sol colorido em Nassau
    
"Just pray man!" - em português, "Então reze, cara!"

terça-feira, 23 de agosto de 2011

MIXALERTA: "Start to get prepared NOW! The Hurricane Irene is coming!"

   Parece até brincadeira, mas é assim que Nassau, a capital das Bahamas se encontra: em alerta! Um dia antes de ser atingida pelo furacão Irene, as portas do comércio já estiveram praticamente "lacradas" com madeiras para proteger os vidros. Os grandes e seguros hotéis, sem reservas; nenhum quarto mais esteve disponível para abrigar quem estava fugindo do medo de amanhã. Muitos barcos já se encontraram estacionados fora dos portos. Nos mercados faltou até banana nas prateleiras, entre outros alimentos fáceis para suprir prováveis dias difíceis. A cidade viveu hoje um ritmo diferente, estranho. Os únicos que pareciam sossegados eram os bahamenses - sem exceção, todos questionados onde iriam "esperar" a tal visita, disseram que em casa mesmo, no problem. Afinal as Bahamas já estão acostumadas com o evento apesar das alertas nas tvs, principalmente americanas: "Comecem a se preparar AGORA, o furacão Irene está chegando!"
    Eu, como estrangeira e inexperiente em temas de furacões, fiquei com medo. Assistindo tv e percebendo as proporções do Irene, fiquei balançada. Nessa situação de iminente emergência qualquer coração dispara quando se escuta as dicas de preparação para a chegada dos ventos a mais de 100 km por hora. Encher o tanque de gasolina, comprar velas, muita água e comida, além de variados números de telefone de emergência, repórteres falando de intensificações - "da categoria 3 o Irene poderia chegar a 4" - todos os amigos ligando para saber para onde ir. Pode parecer drama, mas tudo isso me tirou do sério; minha ficha foi realmente caindo durante o dia, ainda mais quando perdi com meu marido o último vôo possível para escapar pras Ilhas Cayman. 
    A partir de então comecei realmente a me preparar, afinal eu sou uma dos locais que vão ficar na ilha. Com fé em Deus e janelas hurricaneproof, não haverá problema, mas é claro que tenho na imaginação cenas de pânico e  aterrorizantes barulhos que poderiam rolar de verdade e, diga-se de passagem, não seriam nada engraçados...A força da natureza, ventos radicais puxando tetos, carros, decks e árvores voando, coisas de filme, enfim, deixa isso pra lá...Melhor falar de estatísticas. O furacão Irene se formou na verdade pela primeira vez no Atlântico em 2005, com categoria 2 (o máximo da escala Saffir-Simpson é 5), sem deixar rastros de destruição.


    A diferença dos seis anos de sua aparição é que desta vez o Irene está atingindo países. Considerado pelo Centro Nacional de Furacões dos EUA como uma "tempestade muito grande", o Irene  já passou pelo Haiti, Porto Rico, República Dominicana, está prevista para atingir toda as ilhas Bahamas e ameaça alcançar no fim de semana toda a costa leste americana, como por exemplo, os estados Flórida, Carolinas do Norte e Sul. Ter consciência de seus ventos de 160 Km/h, que eles chegam em menos de 24 horas e podem se fortalecer ou não, essa é a parte mais dura para quem vivencia um furacão.  Nesse momento só peço a Deus que o olho do Irene não nos enxergue. Como dizia minha vó, "agora durma com uma zoada dessas".

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

MIXOPINIÃO Brasil: o que falta para esse país ser feliz?

   A gente que é brasileiro sabe. O orgulho é nossa bandeira. A gente adora o Brasil, seus jeitos e cores, mesmo que reclame das mil e uma coisas erradas nele. A gente ama nossa música; sambinha, axé, música popular brasileira. Qualquer que seja ela, combina com uma boa festa. Nossa Tv a gente nem comenta. Qual outro país tem uma rede tão produtiva e poderosa como a Globo? E onde se encontram mais caras e corpos maravilhosos do que nas nossas bem exportadas novelinhas? A moda brasileira por sua vez já é uma das campeãs em criatividade e beleza tanto nas passarelas internacionais quanto nos preços supervalorizados. Já dizia o Pero Vaz de Caminha em 1500, "aqui se plantando tudo dá". Abundante em petróleo, açúcar, café, soja entre outras variadas matérias-primas, o Brasil tem das mais doces frutas às mais lindas praias. O que falta então para esse país ser feliz?
   Na verdade parece que não falta algo, mas sobra nesse país. O Brasil desperdiça 30% de todos os alimentos que produz, o que seria ideal para alimentar por ano 30 milhões de pessoas, ou seja, oito milhões de famílias brasileiras. Na área de emprego, os índices são os mais otimistas desde 2002: não falta trabalho, mas sobra por justamente faltar mão-de-obra qualificada. Faltam nas escolas professores; nos planos do governo, educação. Falta transporte público, planejamento viário. Sobram tantas filas, faltam tantas vagas em hospitais. Na verdade, as pessoas sentem a falta daquele metrô que estava previsto para inaugurar há anos e cujas obras continuam paradas. E não adianta falar que para tudo isso faltou dinheiro; aliás dinheiro é o que neste país tem de sobra.
   Tanto tem de sobra que cada ministério, seja ele qual for, Turismo, Transportes, Energia, cada um pode tirar do orçamento quase "imperceptíveis" cifras relativas a ilhas, jatinhos, prédios luxuosos e contas fantasmas inacreditáveis. No fim, é óbvio, ninguém faz nada, ninguém sabe de nada, como as famosas vaquinhas da Suíça que andam com as mãos tapando olhos, ouvidos e bocas. No foro privilegiado, onde os políticos são julgados de forma especial e super lenta no Tribunal de Justiça, sobram CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) a fazer, afinal falta tempo para julgar tanto caso de corrupção. Nossas cadeias são sujas, abandonadas e lotadas, mas isso porque as mesmas se destinam aos cidadãos normais do Brasil, os pobres. Para os políticos que assaltam o país constantemente, é claro que falta lugar. Aliás eles estão mesmo é sobrando.
   Indicado como sétima economia do mundo, o Brasil se encontra hoje em um momento de total evidência internacional. O real está valorizado, assim como o mercado imobiliário e as grandes empresas brasileiras. No momento otimismo e investimento tem de sobra no país. Mas o momento também é propício à decepção e ao fracasso como consequência das grandes expectativas. E para um país de democracia jovem que se encontra em seu ápice, basta apenas um passo curto errado para cometer a grande falta. E sair rolando pelo abismo.
    Na falta de tantos atributos importantes como respeito ao próximo (em extinção quase que global), honestidade e humildade, seria importante redefinir nosso orgulho verde-e-amarelo. Fazer um favor ao invés de só querer ser servido, se olhar no espelho e lembrar que ninguém é tão bom que não precisa cumprimentar o outro, perceber que todos são iguais. Tornar nosso orgulho verdadeiro, que simplesmente rejeita nosso lifestyle de malandro e evolui ao entendimento de que nada se consegue de graça. Quem sabe isso era só o que nos faltava para a gente ser feliz.