quinta-feira, 3 de novembro de 2011

MIXOPINIÃO: A sorte de cada mulher no mundo

   Outro dia conversando sobre como "é duro" ser mulher, suas funções dentro da sociedade - desde conflitos de maternidade, carreira, casamento àqueles complexos de independência, entre outros - pensei em como a educação influencia o caráter e a personalidade de nós, mulheres. Quando se vê mulheres submissas, desleixadas, caprichosas, fúteis, outras que falam pelos cotovelos, algumas que respondem pelos maridos e também aquelas que nem precisam deles, pode-se até dizer que elas já nasceram assim com tal personalidade. Tudo bem. Mas com certeza algo nelas tem origem nos seus pais assim como também na sociedade.
   Partindo dessa hipótese, como vivem então as pobres mulheres de Cabul, acostumadas a usar meios de transporte como ônibus, onde somente aos homens cabe a prioridade de se sentar? O que deve passar pela cabeça das crianças que convivem com a realidade da violência familiar e testemunham a luta incessante de suas mães para camuflar suas belezas e personalidades na tentativa de viver em paz? Indicado pela revista Newsweek como o segundo pior país do mundo para mulheres, o Afeganistão conta com a maior taxa de mortalidade materna do mundo - sendo que 85% das mulheres dão à luz em pleno século 21 sem sequer assistência médica. Incrível, mas infelizmente realidade.
  Dos dez países indicados na mesma reportagem, a África detém os sete piores para o gênero feminino. Chade é o país que bateu o recorde, onde as "pobres-coitadas" não usufruem de quase direito algum, e ainda são obrigadas ao matrimônio na faixa de 11 anos de idade, dentro daquele padrão de 500 anos atrás - homem "podre" que chega com fome de sexo no tal casamento e a menina "fresquinha" apavorada. Em regiões desse mesmo continente, estatísticas apontam quase 99% de mulheres infectadas pelo vírus HIV. Quando nos damos conta disso, é impressionante como em tantas partes o mundo ainda se revela tão primitivo.
   No Brasil temos sorte. Apesar de conviver com um machismo quase que intrínseco, geralmente as mulheres são lutadoras, tem "sangue quente" e dão conta do recado. Nós, mulheres brasileiras, somos bonitas, temos raça e por todo o mundo somos conhecidas - ainda que às vezes pejorativamente - por esses aspectos. No nosso país, até a posição principal de presidente agora está ocupada por uma mulher. Isso tem um peso, e importa muito, principalmente ao resto do mundo que sempre enxergou nosso país como o paraíso dos machos. Vamos pra frente.
   "Aproveitando a deixa", não vou deixar de relatar minha opinião sobre o que é ser mulher na Suíça - que aliás ficou em sexto lugar na tal pesquisa como um ótimo país à classe. Ainda que tenham conquistado tardiamente o direito de votar (1971) e recentemente (2005) a licença-maternidade, as mulheres suíças conquistam cada vez mais espaço na vida política do país: dos sete ministros do governo federal atualmente, por exemplo, quatro são do sexo feminino. No país helvético, a mulher tem seu lugar, e esse lugar é alto. Como mulher, posso dizer que sempre me senti muito livre na Suíça. Lá podia estacionar, dirigir, pegar ônibus, ir de trem, caminhar sozinha, chegar tarde em casa, tudo isso sem medo. Na Suíça ainda existe o precioso e raro direito de ir e vir. Pena que nem todo lugar tem essa sorte. :O